O líder no novo normal: como fazer a diferença pós-pandemia
O mundo corporativo ganhou mais agilidade nos últimos três meses do que nos últimos anos. Sua empresa provavelmente está correndo para praticar a transformação digital. Mas você não deve perder a cabeça pensando em qual tecnologia vai usar. Preocupe-se mais com as pessoas que estão ao seu lado.
A reflexão é de Luís Gustavo Lima, sócio da empresa de inovação ACE em entrevista a Revista Pequenas Empresas & Grandes Negócios. A ACE tem uma vertical de inovação no mundo corporativo e atendeu dezenas de empresas e seus CEOs.
Transformação digital e pandemia
Vivemos uma época de automação, inteligência artificial, transações sem contato, novos hábitos de consumo e novos modelos de negócio. Às vezes, nem mesmo os supostos melhores executivos sabem navegar em um ambiente que se tornou muito mais digital e dinâmico. “O novo contexto de mundo trouxe com ele um novo olhar para tudo. Novos tempos exigem novos comportamentos, competências e habilidades”.
A pandemia acelerou os investimentos em transformação digital, trabalho ágil e estratégias reais de inovação aumentaram. Grandes corporações colocaram seus funcionários para trabalhar de casa sem muita preparação, e acabou dando certo. É hora de os líderes também se transformarem para a realidade que virá após a pandemia.
Como ser um líder no “novo normal”?
A sensação de estar por fora das tendências é constante entre líderes e até entre suas equipes. A experiência de Lima, que foi desde a empresa de cosméticos Natura até a participação na ACE, resultou na tese “Liderança para a Era Digital: 12 atribuições do novo manual do líder”. Essas atribuições são:
1 — Humildade intelectual
2 — Obsessão pelo cliente
3 — Inovação baseada em problema
4 — Cultura de experimentação
5 — Mentalidade de empreendedor
6 — Visão holística
7 — Tecnologia como meio
8 — Novos modelos de negócios
9 — Transformação e adesão digital
10 — Times ágeis
11 — Multidisciplinaridade
12 — Comunidade
“Seguiremos em frente na condição de aprendizes, descobrindo e se adaptando ao novo normal. Com humildade, disciplina, coragem e entendimento de que o erro faz parte do processo de inovação e de que a vulnerabilidade é, na verdade, autenticidade e potência”, escreveu Lima.
Algumas atitudes que você pode praticar a partir de agora: menos ego e mais dados na hora de tomar decisões. Saia da preocupação do produto para a preocupação com o cliente, seus problemas e sua experiência encantadora em qualquer ponto de contato com seu negócio.
Cuide de verdade da sua equipe, gerando abertura para diálogo, desenvolvimento e segurança psicológica. Viabilize novas formas de trabalhar, o que vai de experimentos e metodologias ágeis a diversidade e multidisciplinaridade. Equilibre investimentos na atividade principal do negócio com o incentivo às novas oportunidades e modelos de negócio.
Não citamos nenhuma tecnologia específica por um motivo: ela é um meio, não um fim. A transformação digital acontece principalmente pelas pessoas, segundo Lima. “Toda a empresa deve ser de tecnologia, todas as áreas devem ser de inovação. Isso é cultura digital”, detalhou Lima. “Gosto sempre de dizer que só é possível transformar digitalmente por meio da transformação cultural. Na prática, para transformar é preciso utilizar a tecnologia como facilitadora. Mudar a forma que a empresa e suas áreas atuam, redesenhar os processos e a governança de forma a reduzir burocracias, ensinar as pessoas a trabalharem de forma mais moderna e ágil, reorganizar os times e capacitá-los.”
Por fim, tenha seu propósito claro e baseado em dados. Assim, você ganhará confiança para liderar todas essas mudanças com paixão e integração de toda a empresa. Estabeleça esta meta: sua inteligência intelectual deve evoluir para uma inteligência emocional e, depois, para uma inteligência espiritual. A inteligência emocional nos ajude a refletir sobre nossas relações interpessoais e nossa própria autogestão das emoções. Já a inteligência espiritual nos convida a um autoconhecimento mais profundo sobre nossos ideais. Ela traz equilíbrio e saúde mental para lidar com adversidades incertezas — como a atual pandemia.
“Precisamos de líderes conscientes, aprendizes, inspiradores e corajosos para promover as mudanças que são necessárias. O novo normal já é uma realidade e o melhor momento para começar é hoje”, resumiu o sócio da ACE.
Fonte: revistapegn.globo.com